Hora certa!

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quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Não sei

Não sei mesmo
se a vida é poesia.
Se a palavra sofre por si só
pela falta de sabedoria.

O que sei - que a palavra está por aí, apenas.
Nos escritos
ou
na imagem do dia a dia.
Mas, é pouco:
é porque a vida  é poesia - "desen-saciada"
E não dá pra mover sentimentos
sem a doce palavra do coração.


sábado, 1 de novembro de 2014

Não sei

A vida é assim: misto de quero e muitos nãos.
De repente vem uns sins por acaso.
 Mas nada basta numa vida de sins ou nãos.
Quando a vida parou, por acaso,
no alto dos sonhos que não se ousa sonhar.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Solidão

De repente a  noite me pega só.
Solidão.
A tristeza me envolve. E me desconforta.
Olho ao meu redor - Solidão. E vejo livros:
 Muitos livros lidos, outros, não. Cedes, Devedes. Fotos da família me envolvem na estante.
Minha estante é uma bagunça literária e de imagens da minha própria fantasia.
Quero cantar a vida,  a vida entreaberta que ultrapassa os céus - da minha fantasia.






quinta-feira, 28 de agosto de 2014


O amor, ah, o amor...
Apenas uma onda que nos enleva e nos arrebata
Para sonhos, doces quimeras
De quem vive a vida a sua espera.

O amor é o nosso amor
Que nos derrete de paixão
Porque somos um, apenas um
Nesse vendaval de ilusão.

sábado, 23 de agosto de 2014

Medos


Nasci do medo num momento qualquer.
Vivo por medo essa vida esdrúxula
que me impuseram nesses cantos obscuros
do mais profundo útero que me deu a vida.

Ando pela vida, olho de soslaio o sol que brilha
e tenho medo que me mate seus fulgores.
Quedo-me nas brancas nuvens de sonhos de amor
à procura de quem me diga:
- Como evitar o medo que me assola a alma?
E a angústia de quem vive, mas já morreu?

 De repente nas incertezas
Há quem diga que o amor não morreu
Porque a vida é assim
Há os que amam
E outros que desamam
Mas que vivem presos em mim
Porque eu vivo neles e eles
estão amordaçados nos sonhos que me povoam:
Numa flor maior além muito além do que considero – a vida.

terça-feira, 22 de julho de 2014

domingo, 15 de junho de 2014

Ao homem que queria uma filha


Amado nossa felicidade se encontrou com o amor
que de repente
se foi.

Os momentos de prazer e descoberta nos  envolveram
no encantamento: eu, adolescente na vida, você o Sr. Lobo pronto a ensinar os mistérios
que envolvem a mulher - o primeiro sexo.

E, o meu amor se fez amor
O meu ser se fez encantamento
em busca de cada fibra sua
para me amar.

Mas, de repente, o sonho despencou
porque
não era apenas sexo
Mas faltou a doce formosura da paixão
para eternizar a filha que não nasceu.

E, de repente, não mais que de repente,
a luz da paixão se apagou.
E restou o sonho lindo que se foi - Cristina.
A filha eterna que não nasceu.





quinta-feira, 5 de junho de 2014

Poema da luz


Sou luz que encanta
mas desencanta quando me quer feliz
Sou luz escura porque me fizeste infeliz
Sou brilho fugaz fora do espaço de tua luz:
infeliz porque me falta o brilho do teu carinho
Amor
Eu quero amor minha luz
Meu amor - feliz
Me desencanta e me faz amor
Meu amor
Só quero você minha luz
que me faz feliz
Só quero você minha luz
que me desencanta
e me faz feliz
Tão feliz
Meu amor, minha luz.

(Para  Victor e Leo musicar e cantar)

sábado, 31 de maio de 2014

Poema


Sou filha Marina, a segunda das meninas do amor que permitiu o amor de nascer:
Leonel
Irineu Ozires
Percy
E deles muitas outras paixões e filhos são amores
que envolvem o coração da família.
E Maria assim batizada, meninhinha-bebê antes de nascer, primeira filha do amor de meus pais, Deus a levou. Mas ela mora no meu coração.
Porque papai e mamãe sempre se amaram e lhe deram a vida e, logo depois, a mim
e três outros filhinhos.
E a vida abençoou o amor de papai e mamãe.


Solidão


De repente na solidão
Vejo luzes e amores
resplandecentes que cantam a esquerda da vida.
Quero ser feliz, mas não consigo
porque há infelicidades por todo lado.
Sei, no entanto, que minha felicidade está prometida.
Por isso, canto o amor de todos os amores
Os amores da minha paixão
E das paixões por todos os amores que habitam o coração
daqueles que amam o amor assim como eu: solidão.




Nada mais vale a pena?

Crônica

             Perdoe-me, poeta, do “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena,” Fernando Pessoa.
            Ensinei minha alma não se tornar pequena, e, acredito que, outras, se abraçaram a mim na mesma comunhão, sonhadoramente, nesse mundo controverso e conturbado.
            Caóticas são nossas incertezas, por que será? Por que nos decepcionamos na busca de sentidos para resolver nossas indagações e crenças?
Oscar Wilde afirma: “Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe”. Será que esse é o medo? Apenas existir?
 E viver, quantos conseguem - realmente?
Perco-me na angústia quando vejo as almas confabulando para a venda dos bens sagrados – os valores: o sonho, a dignidade, a verdade, a cidadania, a família, a educação, o amor.
 Nesses tempos tumultuados e de corrupção, despudoramento, malandragens, falcatruas, e tantos eteceteras, não se sabe mais se é a questão do “Ser ou não Ser, eis a questão”?(original em inglês: To be or not to be, that's the question), da peça teatral (A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca, de William Shakespeare). Shakespeare escreveu magistralmente sobre o poder e tragédias advindas das circunstâncias, sejamos ou não da realeza corrupta.
Certamente o que sei é pouco.  E esse pouco é muito porque sou capaz de enxergar a morte dos ideais - tragédia que nos assoberba dia a dia.  E nela vejo muitas vezes os sonhos de tantas pessoas mergulharem nas profundezas dos seres insanos, incapazes de destronar indubitavelmente os males e a gravidade que lhes ferra os sentidos.
Que pena! Será que nada mais vale a pena? Devemos nos submeter as asperezas daqueles privilegiados que extorquem a liberdade e produzem os delinquentes?
Recuso-me a acreditar que isto seja verdade em face da beleza que ainda mora no meu coração, nas crenças e aprendizagens, que sempre estiveram comigo. Luto com todas as fibras que arrebatam o mais profundo da minh’alma, do meu “Eu” - da minha solidão interior - que me deixa, às vezes, alheia, porque preciso entender o que não quero para mim no ambiente de aprendizagem em que estou inserida, e que me leva a questionar: Nada mais vale a pena, na escola? A escola é uma farsa: parece ser apenas um espaço de aprendizagem? De profissionais pouco comprometidos? De alunos que não querem aprender?
Debato-me contra tais constatações. Mas reconheço as dificuldades enfrentadas na escola. Ainda assim, ela é minha casa de desafio.  E acredito que venceremos o descrédito, a deseducação, o descaso, a incompetência que nos são atribuídas, com professores competentes que buscam na leitura e pesquisa soluções para resolver as dificuldades de aprendizagem e ambientação escolar – planejando as aulas, discutindo ações e aprendizagens com alunos e colegas das diferentes disciplinas.
E que tenham, além de conhecimentos de sua disciplina, metodologia e recursos didáticos, o bom senso para resolver situações pontuais que se apresentam diariamente na sala de aula. Acredito muito no trabalho de profissionais comprometidos com a causa da educação e que ofereçam subsídios para que os alunos realmente aprendam e se tornem pessoas autossuficientes em suas aprendizagens.
Além disso, creio ser necessário suplantar a postura profissional que reforça a lógica que nos transforma em mártires desvalidos e sofredores em vista das circunstâncias: sociais, filosóficas, financeiras, etc. E as dificuldades de muitos para ensinar para “um mundo melhor”, diante da perversão do que nos apresentam como suposta causa para ser defendida: “Pensar dá muito trabalho”. “Estudar, mais ainda” “Aprender sobre a realidade exige esforço e tempo, coisas mais raras no mundo moderno.” Rodrigo Constantino. Esquerda caviar, p. 49.
E, assim, após tantas reflexões, quando miro nos olhos dos adolescentes e dos jovens(rebeldes ou não) que olham para mim, ou, até daqueles que permanecem de olhos cabisbaixos para receber elogios, ou, quiçá, a reprimenda – penso que gostaria de ser muito maluca a ponto de gritar algumas verdades(não, apenas, para eles). Contudo, é comum as pessoas fugirem de suas responsabilidades porque a realidade é tão difusa que não é possível pagar o preço. Mas isto me custa horas de sono e de estudos para entender a sociedade e o país em que vivemos onde a alienação é constante em nome da democracia. Nela os alunos estão inseridos com seu olhar inconformado ou de desdém causando descrédito, polêmica e debate.  Outros, na frivolidade e arrogância, divertem-se na banalidade e pouco caso, sentindo-se menos responsáveis por seus próprios atos perante toda e qualquer regra que venha preservar os bons costumes e valores apregoados na sociedade das minorias. O importante é se sentir diferente. Embora poucos saibam o que isto significa.
  Há pouco espaço para a geração ”nem isto, nem aquilo” livrar-se do esnobismo e arrogância, e colocar-se frente a frente à realidade que os cerca assumindo compromissos.
Falta espaço para a escola compreender tal geração. Falta espaço principalmente para a própria geração se entender.



terça-feira, 27 de maio de 2014

E de repente


E de repente o medo
alguém sempre está me vigiando
na calada da noite
na solidão das minhas palavras.
Estou só.
E a solidão é a  pior forma de castigo
Na noite.
Na noite onde resta apenas
solidão.


segunda-feira, 19 de maio de 2014

As bem-amadas, rainhas do lar


Crônica

Profª  Pedagoga - Marina Niceia Cunha
 Colégio Estadual de Marmeleiro-Ensino Fundamental e Médio

            Ao sairmos da sala onde houve discussão sobre o gerenciamento da família e, consequentemente, dos filhos, percebeu-se que a tarefa ainda é árdua para muitas mulheres, apesar de estarmos no século XXI.
            Postamo-nos incrédulas, sobre o comentário de uma delas do quanto se sentia em dificuldade para equilibrar o trabalho que exercia fora do lar e seus “deveres de dona de casa”. Marido e filhos não lhes davam descanso. Nada de colaboração no lar: porque homens não podem fazer nenhuma tarefa doméstica. “Isto é coisa de mulher”, de acordo com o marido e concepção repassada aos filhos automaticamente.
            Segundo a Psicóloga Lígia Guerra “muitas vezes a própria mulher colabora para este conceito, pois faz distinção em casa entre as tarefas dos meninos e das meninas”. Meninas ajudam a lavar a louça, limpar a casa, etc. Meninos ficam na sala com o pai vendo televisão ou jogando vídeo game.
            Dias atrás um aluno me falou: “lá em casa, minhas irmãs são da mãe; eu e meus irmãos somos do pai. - É assim pedagoga, vamos “co” pai ao futebol e pescar. A mãe vai passear “co as” meninas no shopping e fazer as unhas. Suspirei. E empreendi uma conversa X. Outro me disse: “Minha mãe não trabalha”. Como assim, interpelei. – “Ela cuida da casa e faz comida”. Mais um: - “Minha mãe, não faz nada”. Só dorme no sofá. “Nós temos que fazer o serviço”. – Verdade? Explique-me: - “Tenho um irmão que”... bem, a mãe não consegue dormir à noite pra cuidar dele”.
            Atualmente ainda perduram “as rainhas do lar”, expressão que surgiu durante o século XVII entre a burguesia.  Resgatei-a desses velhos tempos em que a mãe era submissa ao marido e nem tinha direito de amamentar os filhos porque existiam as amas de leite, geralmente, negras.  As escravas negras dividiam obrigatoriamente o leite com o filho da sinhazinha. Primeiro deviam amamentar o filho da Casa Grande, depois o seu. Enquanto isso, a sinhazinha mãe, mal via o filho. Bastava para algumas mulheres desse tempo enfeitar os salões de festas na companhia do ” senhor seu marido”. É claro que muitas no decorrer da história se rebelaram.
Nessa retrospectiva trouxe a história da mulher-mãe para o tempo em que a família é a “célula da sociedade”, conceito empregado nos livros de Educação Moral e Cívica, 1969, em pleno regime militar. (Em 1970, disciplina obrigatória nas 5ªs e 6ªs séries do Curso Ginasial).  A mãe, batalhadora por seus direitos no mercado de trabalho, mas, tímida e, ainda, submissa, porém responsável de educar e ensinar os filhos - encontrava-se encarcerada -, embora já se estivessem “queimados os sutiãs em praça pública”, e a pílula surgira milagrosamente como sinônimo de liberação sexual e controle da natalidade. Mais a onda do feminismo(movimento social, filosófico e político) que pregava a libertação da mulher de padrões opressores baseados em normas de gênero causou grande impacto e mudanças na sociedade da época refletindo-se, inclusive, nos dias de hoje.
Nesse desenrolar, o pai, historicamente, figura austera, cujo papel era impor sua vontade, e por ordem no lar, paralisou-se por alguns tempos, isto é, descaracterizou-se, frente a essa nova realidade aos moldes femininos, cuja primeira onda teria ocorrido no século XIX e início do século XX, a segunda nas décadas de 1960 e 1970 e a terceira da década de 1990 até a atualidade. (Wikipédia. A enciclopédia livre).
            Após as reflexões históricas já conhecidas, volto à personagem submissa e sem nexo de como conduzir a família para que a respeitassem, que me fez escrever esta crônica, e as mulheres presentes naquele espaço de discussão que se voltaram imediatamente ao “pobre” marido, desconsiderando-o devido suas atitudes machistas, o qual passou a ser acusado de vários adjetivos que  é melhor não citá-los. Mas, segundo, ainda, Lígia Guerra, há homens que se submetem à esposa, tornando-se nulos e explorados pela mesma a ponto dos papéis se inverterem. O homem deixa inclusive de ter profissão para fazer o papel de “dono de casa”. Isto se deve, às vezes, a forma como foi educado pela genitora e também como agia na família o pai. Observam-se, então, no século XXI, reflexo de outros tempos no papel masculino como marido e pai: ora ele é machista, ora é “pobre coitado”, sem vontade própria, na análise feminina, conforme se percebe nas colocações citadas neste texto.
  Enfim, a coisa cheia de graça realmente aconteceu quando após a fatídica reunião, que gerou essa análise, surgiu a partir do momento que, cada uma compara o próprio marido com o da outra em relação, ao esposo da minha personagem. Maridos mais ou menos maravilhosos devido a este ou aquele desempenho doméstico, eram enumerados. E consideraram-se as bem-amadas, profissionalizadas comparando-se a mulher que se lamentou.  Os risos se sucederam... (Melhor mesmo levar na brincadeira, embora saibamos que a questão é séria).
Imagine leitor, eu, solteira, no meio de tantos risos e agraciamento das bem-
casadas aos maridos. Sorriso a meia boca, ria não sei de quê.  Na verdade uma anônima ali, circunstancialmente.   Meio sem graça, deixei de lado meu silêncio e disse-lhes:
 - Meu pai quando nasci dispensou “a comadre” que vinha dar banho em mim. Tradição esta mantida após o parto(em casa). Uma senhora de idade banhava diariamente a criança até a mãe se recuperar. Geralmente era convidada depois para ser madrinha, ou, então, a parteira.
 - “Eu mesmo banho minha filha”... E tomou conta da casa, da mulher e da filha, isto, em 1952.
Saí de fininho da sala, porque todas se divertiam com seus próprios comentários sobre os cônjuges, as rainhas do lar, as bem-amadas, resolvidas.  Quem iria dar atenção às colocações de uma mulher solteira - por opção - sobre as qualidades de um homem – meu pai, além do seu tempo?      

Publicada no Jornal de Beltrão, 18 de maio 2014.

sábado, 10 de maio de 2014

apenas

A vida é assim
Não deu certo
deleta-se.

Mas
sempre há os poréns.
por isso acredito
Em Deus e na beleza
da vida.



Canção para um amor eterno

Para Vitor e Leo gravar

Noite fria
Como está fria esta noite
Música ao longe "atasana" meu desassossego
Estou só. A solidão d'alma me envolve
Não quero ouvir esse barulho todo lá fora
Apenas a batida do meu coração

Teclo paixão.

Solidão, minha solidão
Nesta noite fria
Ai, solidão.
olho pra mim e vejo o Eu de quem não está mais comigo

Me resta, então, apenas solidão
Sinto-me só
e nos olhos da vida há falta de amor
acontece por falta de você
Solidão!

A falta de Amor e de você
Amor, amor e amor
Ai que solidão
Choro o silêncio das almas sofredoras:
Eu só quero amor
Amor, Amor
Eu só quero amor
Quero ouvir
Você falar que me ama, amor
Por isso teclo amor e paixão
Eu te amo amor do meu coração
Eterno amor.



As bem-amadas-rainhas do lar


Crônica
            Ao sairmos da sala onde houve discussão sobre o gerenciamento da família e, consequentemente, dos filhos, percebeu-se que a tarefa ainda é árdua para muitas mulheres, apesar de estarmos no século XXI.
            Postamo-nos incrédulas, sobre o comentário de uma delas do quanto se sentia em dificuldade para equilibrar o trabalho que exercia fora do lar e seus “deveres de dona de casa”. Marido e filhos não lhes davam descanso. Nada de colaboração no lar: porque homens não podem fazer nenhuma tarefa doméstica. “Isto é coisa de mulher”, de acordo com o marido e concepção repassada aos filhos automaticamente.
            Segundo a Psicóloga Lígia Guerra “muitas vezes a própria mulher colabora para este conceito, pois faz distinção em casa entre as tarefas dos meninos e das meninas”. Meninas ajudam a lavar a louça, limpar a casa, etc. Meninos ficam na sala com o pai vendo televisão ou jogando vídeo game.
            Dias atrás um aluno me falou: “lá em casa, minhas irmãs são da mãe; eu e meus irmãos somos do pai. - É assim pedagoga, vamos “co” pai ao futebol e pescar. A mãe vai passear “co as” meninas no shopping e fazer as unhas. Suspirei. E empreendi uma conversa X. Outro me disse: “Minha mãe não trabalha”. Como assim, interpelei. – “Ela cuida da casa e faz comida”. Mais um: - “Minha mãe, não faz nada”. Só dorme no sofá. “Nós temos que fazer o serviço”. – Verdade? Explique-me: - “Tenho um irmão que”... bem, a mãe não consegue dormir à noite pra cuidar dele”.
            Atualmente ainda perduram “as rainhas do lar”, expressão que surgiu durante o século XVII entre a burguesia.  Resgatei-a desses velhos tempos em que a mãe era submissa ao marido e nem tinha direito de amamentar os filhos porque existiam as amas de leite, geralmente, negras.  As escravas negras dividiam obrigatoriamente o leite com o filho da sinhazinha. Primeiro deviam amamentar o filho da Casa Grande, depois o seu. Enquanto isso, a sinhazinha mãe, mal via o filho. Bastava para algumas mulheres desse tempo enfeitar os salões de festas na companhia do ” Senhor seu Marido”. É claro que muitas no decorrer da história se rebelaram.
Nessa retrospectiva trouxe a história da mulher-mãe para o tempo em que a família é a “célula da sociedade”, conceito empregado nos livros de Educação Moral e Cívica, 1969, em pleno regime militar. (Em 1970, disciplina obrigatória nas 5ªs e 6ªs séries do Curso Ginasial).  A mãe, batalhadora por seus direitos no mercado de trabalho, mas, tímida e, ainda, submissa, porém responsável de educar e ensinar os filhos - encontrava-se encarcerada -, embora já se estivessem “queimados os sutiãs em praça pública”, e, a pílula surgira milagrosamente como sinônimo de liberação sexual e controle da natalidade. Mais a onda do feminismo(movimento social, filosófico e político que pregava a libertação da mulher de padrões opressores baseados em normas de gênero causasse grande impacto e mudanças na sociedade da época, refletindo-se, inclusive, nos dias de hoje.
Nesse desenrolar, o pai, historicamente, figura austera cujo papel era impor sua vontade e por ordem no lar, paralisou-se por alguns tempos, isto é, descaracterizou-se, frente a essa nova realidade aos moldes femininos, cuja primeira onda teria ocorrido no século XIX e início do século XX, a segunda nas décadas de 1960 e 1970 e a terceira da década de 1990 até a atualidade. (Wikipédia. A enciclopédia livre).
            Após as reflexões históricas já conhecidas, volto à personagem submissa e sem nexo de como conduzir a família para que a respeitassem que me fez escrever esta crônica, e as mulheres presentes naquele espaço de discussão que se voltaram imediatamente ao “pobre” marido, desconsiderando-o devido suas atitudes machistas, o qual passou a ser acusado de vários adjetivos que  é melhor não citá-los.
 Mas, a coisa cheia de graça realmente aconteceu quando após a fatídica reunião, cada uma compara o próprio marido com o da outra em relação ao esposo da minha personagem. Maridos mais ou menos maravilhosos devido a este ou aquele desempenho doméstico, eram enumerados. E consideraram-se as bem-amadas profissionalizadas comparando-se a mulher que se lamentou.  Os risos se sucederam... 
Imagine leitor, eu, solteira, no meio de tantos risos e agraciamento das bem-
casadas aos maridos. Sorriso a meia boca, ria não sei de quê.  Na verdade uma anônima ali, circunstancialmente.   Meio sem graça, disse-lhes:
 - Meu pai quando nasci dispensou “a comadre” que vinha dar banho em mim. Tradição esta mantida após o parto(em casa). Uma senhora de idade banhava diariamente a criança até a mãe se recuperar. Geralmente era convidada depois para ser madrinha, ou, então, a parteira.
 - “Eu mesmo banho minha filha”... E tomou conta da casa, da mulher e da filha, isto, em 1952.
Saí de fininho da sala, porque todas se divertiam com seus próprios comentários sobre os cônjuges, as rainhas do lar, as bem-amadas, resolvidas.  Quem iria dar atenção às colocações de uma mulher solteira - por opção - sobre as qualidades de um homem – meu pai, além do seu tempo?      



quinta-feira, 1 de maio de 2014

Solidão


Olho-me.
Sinto o olho de quem quer ver
além da alma e do silêncio
Sinto-me cansada.
Procuro a Lua.
E absorvo-me na prática da vida
Encantada.
Onde está o Sol
Para amanhecer?

Pais e filhos


Quantos morrem
Quantos matam
Meu Deus!

Filhos se vão. Mortos no coração.

Crianças são assassinadas, mutiladas
por falta de amor e compaixão.

Pais incautos não aprenderam a amar
E tem filhos do sexo num momento de prazer
Prazer que dizem ser amor.

E todos estão por aí - sós:
Pais e filhos.

Mas só resta a solidão para os  filhos
abandonados, ultrajados: os filhos do sexo e da ilusão.

E os pais onde estão?







domingo, 27 de abril de 2014

Avaliação: estudos e debates constantes


“A avaliação escolar tem se configurado nas escolas como uma prática de exclusão, classificação e controle, utilizando-se de uma prática pedagógica polarizada com provas e testes, os quais identificam apenas o conhecimento que o aluno já possui, não se preocupando com as possibilidades do que esse pode aprender através da mediação do professor”.

Constata-se que muitas vezes o insucesso do aluno em fazer tarefas ou provas, atribui-se à falta de conhecimento de princípios envolvidos na operação, ou, ainda, a uma baixa inteligência que impede a compreensão desses princípios. O que é ignorado na maioria dos casos é que a deficiência pode residir não no nível operacional ou em um conteúdo específico do processo de pensamento da criança, mas nas funções cognitivas que formam a base na qual se apoia uma performance bem sucedida e que alicerçam as operações cognitivas.
A ideia de avaliar para medir mudanças comportamentais e a aprendizagem, portanto, para quantificar resultados, encontra-se apoiada na racionalidade instrumental preconizada pelo Positivismo. Concepções sobre Avaliação. Mary Stela Ferreira Chueiri. Psicóloga Escolar.
Para Feuerstein, “de maneira semelhante ao que preconiza Vygotsky, o processo de avaliação deve ter como objetivo desvendar o potencial de aprendizagem do sujeito e não apenas identificar que conhecimento já possui naquele momento determinado”. Feuerstein et al. 1993.
Acredita-se que apesar de estudos sobre avaliação, provavelmente, não se sabe avaliar de acordo com as teorias, na concepção de professores porque as teorias nem sempre podem ser subsídios para a prática. A realidade das escolas suplantam as teorias. Mesmo porque os que escrevem as teorias não as aplicam nas escolas juntamente com os professores.
Debatem-se, por isso, constantemente, nos cursos de aperfeiçoamento, reuniões pedagógicas e conselhos de classe como realizar uma avaliação que não seja classificatória e excluente, embora a atribuição de notas persista na escola para “medir” o conhecimento do aluno, desde a Idade Média.
Entra nesse contexto a avaliação formativa onde a “atribuição de notas não é um problema porque essa avaliação não ocupa lugar - trata-se de um parâmetro, decorrência do processo.” Elisabete, Avaliar o tempo todo. Nova Escola, p.33.
A avaliação processual, isto é, contínua “permite acompanhar a construção do conhecimento, identificar eventuais problemas e dificuldades e corrigi-los antes de avançar”. Isso “ajuda a interpretar o que a turma aprendeu ou, não, e, assim, intervir, mudando as estratégias”. Jussara Hoffmann, Avaliar o tempo todo, Nova Escola, p.33.
            Por outro lado, esse tipo de avaliação é difícil para certos professores devido a várias causas: falta de preparo para uma avaliação diferenciada, persistência nas avaliações tradicionais, as mais comuns, perguntas e respostas, questões de completar, assinalar certo ou errado; cópia e cola de exercícios dos manuais didáticos ou sites da internet, questões descontextualizadas e mal elaboradas, sem relação com objetivos planejados, falta de conhecimento para avaliar os objetivos do conteúdo, resistência às novas propostas de avaliação, etc.
            O mais difícil na escola é quando o professor utiliza esse tipo de prova como instrumento de poder e deixa para o aluno a responsabilidade pelo resultado. Ainda bem que não é regra na maioria das escolas.
            No Plano de Trabalho Docente, todavia, elaboram-se a princípio, objetivos para que se possa avaliar e “verificar” se o aluno os atingiu durante o percurso através de diferentes instrumentos. E planeja-se a recuperação(direito do aluno), sob vários critérios. 
 Afirma-se, ainda que, os objetivos nem sempre podem ser avaliados e recuperados, pois cada aluno está numa etapa da aprendizagem. E a duração proposta pelo calendário, isto é, o tempo que lhe é dado para se atribuir uma nota, não condiz com o tempo de aprendizagem do discente.
 Este é um motivo importante que requer a avaliação contínua para que a exclusão não comece com os instrumentos mais utilizados em sala de aula: provas.

            Enfim, a aprendizagem do aluno pode estar aliada a vários fatores onde os mesmos podem ser influenciados por diversos fatores, uns de responsabilidade do professor – domínio do conteúdo, metodologia e  instrumentos.  Outros, “fogem” de sua alçada: não comparecimento às aulas, “desleixo” e pouca vontade de aprender. Tais questões contribuem para a dificuldade de avaliar também de forma processual. São entraves que a escola deve superar de acordo com sua realidade porque a avaliação é um processo que interessa a todos, na escola. É um processo coletivo entre professor, conhecimento e sujeito do conhecimento.

domingo, 20 de abril de 2014

As rainhas do lar

Crônica



            Ao sairmos da sala onde houve discussão sobre o gerenciamento da família e, consequentemente, dos filhos, percebeu-se que a tarefa ainda é árdua para muitas mulheres, apesar de estarmos no século XXI.
            Postamo-nos incrédulas, na situação apresentada sobre o comentário de uma delas do quanto se sentia em dificuldade para equilibrar o trabalho que exercia fora do lar e seus “deveres de dona de casa”. Marido e filhos não lhes davam descanso. Nada de colaboração no lar: porque homens não podem fazer nenhuma tarefa doméstica. “Isto é coisa de mulher”.
            Segundo a Psicóloga Lígia Guerra “muitas vezes a própria mulher colabora para este conceito, pois faz distinção em casa entre as tarefas dos meninos e das meninas”. Meninas ajudam a lavar a louça, limpar a casa, etc., meninos ficam na sala com o pai vendo televisão ou jogando vídeo game.
            Dias atrás um aluno me falou: “lá em casa, minhas irmãs são da mãe; eu e meus irmãos somos do pai. - É assim pedagoga, vamos “co” pai ao futebol e pescar. A mãe vai passear “co as” meninas no shopping e fazer as unhas. Suspirei. E empreendi uma conversa X. Outro me disse: “Minha mãe não trabalha”. Como assim, interpelei. – “Ela cuida da casa e faz comida”. Mais um: - Ah, pedagoga, “minha mãe, não faz nada”. Só dorme no sofá. “Nós temos que fazer o serviço”. – Verdade? Explique-me: - “tenho um irmão que”... bem, a mãe não consegue dormir à noite pra cuidar dele”.
Esses depoimentos são fictícios, mas servem para ilustrar os acontecimentos de algumas realidades presentes nas famílias e da mulher mãe.
            Atualmente ainda perduram “as rainhas do lar”, expressão que surgiu durante o século XVII entre a burguesia.  Resgatei-a desses velhos tempos em que a mãe era submissa ao marido e nem tinha direito de amamentar os filhos. E a trouxe para o tempo que a família era a “célula da sociedade”, conceito empregado nos livros de Educação Moral e Cívica, 1969, em pleno regime militar. (Em 1970, disciplina obrigatória nas 5ªs e 6ªs séries do curso ginasial).  A mãe, batalhadora por seus direitos no mercado de trabalho, mas tímida e ainda submissa e responsável de educar e ensinar os filhos - encontrava-se encarcerada -, embora já se estivessem “queimados os sutiãs em praça pública”, e a pílula surgira milagrosamente como sinônimo de liberação sexual e controle da natalidade.  A onda do feminismo(movimento social, filosófico e político queria libertar a mulher de padrões opressores baseados em normas de gênero.  O pai, historicamente, figura austera cujo papel era impor sua vontade e por ordem no lar, paralisou-se por alguns tempos na sociedade, isto é, descaracterizou-se, frente a essa nova realidade aos moldes femininos, cuja primeira onda teria ocorrido no século XIX e início do século XX, a segunda nas décadas de 1960 e 1970 e a terceira da década de 1990 até a atualidade. (Wikipédia. A enciclopédia livre).
            Após as reflexões históricas já conhecidas, volto à personagem que me fez escrever esta crônica. As mulheres presentes no momento das considerações se voltaram imediatamente ao “pobre”. E as análises e conceitos surgiram.
 Mas, a coisa cheia de graça realmente aconteceu quando após a reunião, cada uma compara o próprio marido com o da outra em relação ao esposo da minha personagem. Maridos mais ou menos maravilhosos devido a este ou aquele desempenho doméstico, eram enumerados. E consideraram-se as bem-amadas profissionalizadas.  Os risos se sucederam...  Já não são “Amélias” (?!).
Imagine leitor, eu, solteira, no meio de tantos risos e agraciamento das bem-casadas. Sorriso a meia boca, sem graça, ria não sei de quê.  Na verdade uma anônima ali, circunstancialmente.   Meio sem graça, disse-lhes: - “Meu pai quando nasci dispensou “a comadre” que vinha dar banho em mim. - “eu mesmo banho minha filha”... E tomou conta da casa, da mulher e da filha, isto em 1952.

Saí de fininho da sala, pois todas se divertiam com seus próprios comentários sobre os cônjuges bem-amados e não machistas, as rainhas do lar, as bem-amadas. Quem iria dar atenção às colocações de uma mulher solteira - por opção - sobre as qualidades de um homem – pai, além do seu tempo?     

quinta-feira, 3 de abril de 2014

O morto


O pobre homem jazia esquelético e pálido
na caixa eterna.
No rosto e mãos entrelaçadas a cor da morte.
Apesar do sofrimento que tivera em vida para deixar esta existência
Mostrava- se calmo, enigmático.

Na sala do morto os vivos disfarçam o medo e a incredulidade: do fim.
Sorrisos abafados, conversas a meia voz, olhares pra este ou aquele.
Um entra e sai consternado; as lágrimas nos olhos dos mais chegados.
As rezadeiras rezam as orações encomendando o morto a Deus.
O silêncio é rompido pelos lamentos e lágrimas de quem amou aquele
que jazz na caixa eterna dali a pouco na terra fria.

Benzem-se os vivos frente ao morto em sinal de respeito, cabisbaixos.
Afinal, ele merece o gesto: viveu a vida terrena e se encaminhou para o eterno.
E os vivos se perguntam frente ao defunto – quando será minha vez?


Lembranças de uma menina no Regime Militar

                Mês de março no Brasil é tempo de relembrar principalmente os erros da ditadura militar a partir de 1964. Os escândalos atuais têm alguma relação de imposição e desfaçatez, na atual democracia pela qual se lutou tanto e alguns até deram sua vida pelos ideais que acreditavam: políticos, sociológicos, filosóficos, etc. Algumas pessoas permanecem desconhecidas na luta por um país democrático e outras lutam no dia a dia para que o país continue democrático.
                Alguns brasileiros se importam com a história da sua Pátria, outros, não aprenderam a valorizar a terra tupiniquim. De quem é a culpa? Não é tema para discutir-se neste texto, pois quero reportar-me ao dia 31 de março de 1964, 50 anos atrás, e contar-lhes um pouco sobre esta data, cujos acontecimentos até hoje são importantes para a história do nosso país. Já foi considerado feriado e comemorado na escola com hinos e versos.
Dia 31 de março de 1964 estávamos de viagem de Curitiba à Pranchita.  Fomos pegos de surpresa pelo “golpe militar” deflagrado na madrugada.
 Ao chegar a Pato Branco, meu pai, João, soldado da Polícia Militar, transferido, ficou à disposição no quartel obrigatoriamente.  Passamos à noite num hotel e de manhã, ele nos colocou no ônibus da empresa Kovaleski. Seguimos viagem chorando por deixá-lo, agarrados à saia da mãe, que temerosa, não entendia o que estava acontecendo, pois o comentário era de que “estourara uma guerra no Brasil”. Polícia e sirene para todo lado anunciava que nada estava bem. Nossos olhos curiosos perscrutavam pela vidraça embaçada o silêncio.  Ninguém nas ruas de Pato Branco. Casas fechadas.  Durante a viagem, em cada rodoviária, ouvia-se o rádio para saber o desenrolar dos acontecimentos.  Silêncio entre os passageiros, afinal nem sabiam o que estava acontecendo. Um comentário em voz baixa aqui, outro acolá.
 Chegamos a Pranchita. Subimos o que hoje é a rua principal arrastando as malas até a casa da “comadre Zelinda, do Russo”, madrinha do meu irmão menor. Outra história de outro tempo que lá moramos em 1958-1960. D. Zelinda matou a fome das crianças e nos dirigimos à casa do soldado Gilberto para pouso. Nesse tempo as pessoas eram solidárias, como D. Zelinda que nos recebeu de surpresa. Os policiais repartiam sua casa com outros policiais porque todos eram jogados de um lado para outro, de acordo com as necessidades das cidades. Menos se observava as dos próprios policiais.
 Assim foi nossa vida de crianças e adolescentes. Nenhum policial da época da ditadura contestava. Apenas recebiam ordens dos comandantes e as cumpriam.  Ninguém ousava desrespeitá-los porque sua conduta era impecável.  Nada de corrupção. Um pequeno erro era cadeia e expulsão na certa. Exalto meu pai e colegas de farda que foram policiais de renome.
Avançando um pouco me vejo professora aqui em Marmeleiro nesse período.  Os professores tinham de buscar permissão em Curitiba no DOPS para poder lecionar, isto é, comprovar que nenhum era comunista e tinha ideias revolucionárias.
Professora de Ensino Religioso nos Colégios Estaduais de Marmeleiro, inocente, moça nova, cheia de sonhos e crenças na humanidade, ex-moradora da capital, que amava viajar, enfim, pessoa ideal para representar os colegas.  Documentos em mãos solicitados pelo DOPS que comprovavam a idoneidade de todos, viajei. 
A fila que antecedia o DOPS dobrava quarteirões diariamente.  Primeiro dia, segundo dia, terceiro dia lá estava eu às 6 horas. Somente no quarto dia consegui entregar os documentos para a pessoa na recepção que olhava e rabiscava as folhas com cara feia e ares de mofa.  Liberada, voltei com as cópias em mãos que permitiam aos professores lecionar. Aqui já pensavam que eu tinha sido abduzida pelo regime, apesar de ser filha de militar.
Ah! Esqueci-me de dizer que só no terceiro dia alguém se dignou no DOPS separar os professores do interior e das capitais para agilizar o procedimento e que me ofereci para representar os colegas. O ano? Talvez, 1969. Fui estudante e professora nessa época, mas esta é outra história.

Publicado no Jornal de Beltrão, domingo, 30.04, p.3.
               


quinta-feira, 6 de março de 2014

Sujeitos que aprendem e ensinam na escola

 QUEM SÃO OS SUJEITOS QUE APRENDEM E ENSINAM NAS ESCOLAS?

Professora: Marina Niceia Cunha
Professora Pedagoga
Colégio Estadual de Marmeleiro-Ensino Fundamental e Médio

Análise Sintática dos Sujeitos na Escola

 “Então, escrever é o modo de quem tem a palavra como isca: a palavra pescando o que não é palavra. Quando essa não-palavra – a entrelinha – morde a isca, alguma coisa se escreveu.” Clarice Lispector

O Sujeito na escola pode ser SIMPLES na sua forma de ser, agir, pensar, aprender ou ensinar. Introspectivo. Às vezes, sente-se, sozinho, deixado de lado, incompreendido e incompleto, em relação a outros sujeitos. Sua forma de agir termina por isolá-lo em suas ações. Mas, agregando-o ao coletivo, talvez, seja capaz de envolver-se e relacionar-se com os demais.
“Eu quero desaprender para aprender de novo.
Raspar as tintas com que me pintaram.
Desencaixotar emoções, recuperar sentidos”. Rubem Alves
Já o Sujeito COMPOSTO está sempre se dividindo em vários núcleos. Quanto mais, melhor. Quer desatar os “nós”. Estabelecer relações entre os demais componentes presentes na situação. Liga sua ação à busca de resultados coletivos. Socializa. Instiga. Envolve-se. Apropria-se. Articula. Busca resultados. Mas traz complicações. Quer respostas. “Ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar.” Paulo Freire
E o Sujeito OCULTO aparentemente sem ação?
 Causador de acirradas discussões. No meio de outros sujeitos está ali esperando ser descoberto e tornar-se mais presente, embora se embaralhe, complique. Apesar de tudo, podemos percebê-lo em sua dimensão: “Quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo.” João Guimarães Rosa.
 E o tal de Sujeito INDETERMINADO, então?
 Mais uma vez estamos diante de um sujeito que também não aparece de forma clara.  Comenta-se que ele somente se relaciona em momentos específicos com os outros sujeitos. Disseram-me que é o tipo de sujeito que se compromete com esta ou aquela ação de acordo com sua própria forma de pensar.
E há o considerado Sujeito INEXISTENTE.
  É aquele sujeito que não faz referência e não se relaciona com nenhum outro sujeito. A nenhuma ação. Está alheio. Porém, ele se acerca de várias alternativas para acabar com sua inexistência. Troveja e relampeja a toda hora. Nem sempre entende a ideia de mudanças e a noção de um tempo que já se passou. Fica preso entre as ideias do passado e a luta persistente das vozes do lamento.
 “Só não conto os fatos de minha vida:
sou secreta por natureza.
Há verdades que nem a Deus eu
contei. E nem a mim mesma. Sou
um segredo fechado a sete chaves.
Por favor, me poupem”. Clarice Lispector


 Texto produzido de forma metafórica a partir dos estudos  Como reconhecer e considerar os sujeitos da escola? Semana Pedagógica 2014. SEED.