Hora certa!

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terça-feira, 31 de julho de 2012


Minh’alma é maluca
Se tem beleza
é
porque
Existe poesia e poetas.
Poesia
 reflexo
da  ação poeta
da poesia
das noites
da poetisa.
É assim que sou.
Escrevo palavras
para você.

Súplica do Silêncio

Onde está minh'alma Deus meu
Deus meu onde está min'alma?
Estou só. Cansada. Exausta. Só.
Quero desdobrar-me acabar com todo esse
Silêncio
de cansaço, de falta de amor que me envolve.
Olho-me e vejo as imagens das imagens que me sorriem
É minha vida Senhor.
São os que me amam Senhor
Então por que me sinto só
nesse silêncio eterno de solidão?
É difícil defender,
só com palavras, a vida.


[João Cabral de Melo Neto]

sexta-feira, 27 de julho de 2012


Será que existe uma flor maior
Maior que meus sentimentos
cujo perfume inebriou nosso amor
no momento de êxtase
em que me dei a Você?
Doçura profunda de paixão
Encantamento doído de descoberta
Só Eu e Você
Aprisionados num momento de magia
Infinita – Eterna – Poesia do amor entre Você e Eu
 Nós -  num desleixo de Paixão.

De repente
Há quem diga que o amor não morreu
Porque a vida é assim
Há os que amam
E outros que desamam
Mas que vivem presos em mim.
Medo

Nasci do medo num momento qualquer
Vivo por medo essa vida esdrúxula
Que me impuseram nesses cantos obscuros
Do mais profundo útero
que me deu a vida.

Ando pela vida, olho de soslaio o Sol que brilha
E tenho medo que me mate seus fulgores...
Quedo-me nas brancas nuvens de sonhos
À procura de quem me diga
Como evitar o medo que me assola a alma
A angústia de quem vive, mas já morreu.
                                         

segunda-feira, 16 de julho de 2012

SOLIDÃO

E, de repente...
me transformo e me torno
em negrito.
Me canso de tanto tempo sem mim
sem você
e me busco pra além de todos os horizontes
da solidão
embora já vislumbre o brilho do Sol
e da Lua
me vejo na distante estrela perdida no espaço
num espaço qualquer
de solidão infinita desta noite
sem fim.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Poemetos

Às vezes me pinto nuvem
Às vezes me pinto estrela
Às vezes me pinto vida
Só pra te amar.

Mas, de repente...

alguém pisca
rabisca meu
coração.
                                                                  
                     Conto que conto de Marmeleiro

Mata fechada. O cheiro de pinheiros recendia por entre as árvores que se desenhavam sob a luz do sol num céu azul cinzento e frio de junho. O solo estava úmido da chuva que caíra durante a noite. A umidade dava brilho às pequenas plantas coloridas rastejantes que se alimentavam da clorofila. Animais se divertiam de lá para cá se alimentando dos pinhões que caíam despretensiosamente povoando a terra com seus frutos. Os tatetos então faziam a festa! Podia-se ouvir ao longe o canto da gralha azul.
De repente o rugido da onça pintada causou um reboliço danado entre os bichos que desabalaram por entre a mata, cada um procurando salvar-se do terrível felino que estava à caça para alimentar-se e aos filhotes esfomeados pela falta de alimentação naquele inverno do ano 1800.
 A chuva castigava a mata que vergava sem proteção deitando-se sobre a terra molhada.  A água distribuía poças entre galhos, folhas e flores que aos poucos fugiam como meninas desobedientes e corriam em busca de novos espaços – um riozinho aqui, outro ali esburacara a terra. A terra indefesa então se abria às águas lentamente desafiando aquele mundão de mata verde abençoadas pelo sol e pelas estrelas. E uma nascente se formou. E aos poucos a água cristalina desceu desabaladamente as encostas, rompendo barreiras, abrindo espaço para vencer os desafios de se transformar em rio.
E a Terra girou e as estações se sucederam. O rio cresceu sulcando os espaços por onde passava... Às suas margens novas plantas e árvores floresciam. Era tanta riqueza em fauna e flora por ali, que surgira um mundo sobrenatural naquelas matas a ser descoberto.
E o que mais encantava a beira do rio eram as árvores de folhas pequenas e muito verdes que cresciam à sua margem. Os pássaros dançavam ao seu redor e fazia os ninhos entre os galhos frondosos do marmeleiro, a árvore verde sob o céu azul.
De repente passos rápidos quebraram o silêncio da mata. Tudo se aquietou para ouvir além do barulho das águas que corriam silenciosas, aqueles passos que não se importavam com os obstáculos que lhes impunha a natureza.
 As pequenas passadas ligeiras deixavam para trás marcas de sua passagem. Um e mais outro, e outro, e mais outro. E no final da trilha na curvatura do rio ouviam-se vozes e mais vozes incompreensíveis, mas que comandavam várias pessoas.
 Via-se no banquete a disputa do tateto sem vida. À espreita a onça. Os pássaros se aquietaram nas árvores. O sol se quebrava por entre as árvores de marmeleiro.
Os homens nus de corpos ágeis e pintados de urucum dançaram após a refeição num ritual de conquista e satisfação. As mulheres de cabelos negros e olhos brilhantes tinham sinais de sangue marcado no rosto e no peito, símbolo da caça que realizaram. O desafio marcava suas faces queimadas de sol.
 Após a refeição, os guerreiros se retiraram sem olhar para elas. E avançaram pela mata cavando um longo túnel para proteção da aldeia. As mulheres se juntaram à beira do rio para lavar o milho que adormecera por alguns dias nos cestos de palha. Os grãos esperavam o calor do fogo. O cheiro de milho assado e batido no soque pelas mãos das mulheres da aldeia espalhou-se ao longo do rio. Gritos de alegria se ouviam ao longe...
 Mas, de repente uma chuva fina e fria despencou por sobre as árvores e aos poucos os trovões e raios do deus Tupã apavoraram os desbravadores da terra de marmeleiro. Era tanta água! E o rio foi serpenteando e tomando outros espaços. Os curumins já não podiam mais pescar. Todos se aquietaram nas ocas esperando o deus da chuva se acalmar. A chuva desabara o túnel de proteção da aldeia.
E no verão os jovens guerreiros Caigangues deram seu grito de guerra. E ao redor do rio podia-se ver o marmeleiro, o ipê amarelo, a erva-mate, o angico, a palmeira, a samambaia, as amoras, o caraguatá, o marmeleiro...
Porém, agora só restava a batalha da disputa. E aos poucos os índios e os bugres foram desmatando novos caminhos à procura de Naipi, a deusa das águas, a índia mais bela dos Caigangues, que se banhara nas águas do rio Marmeleiro, abençoando todas as árvores ao seu redor.
 Mas Naipi andou de lá para cá e de cá para lá com sua tribo e se entregou ao amor de Tarobá e se transformou em uma rocha das Cataratas do Iguaçu e ele numa palmeira – ambos castigados por se amarem e desafiarem Mboi, o deus de forma de serpente.
E as histórias se sucederam...
De repente se ouviu ao longe a batida do facão cortando as matas, a foice e o machado singravam o céu. Árvores caíam. A gralha azul voou desabaladamente. Pequenas casas se organizavam ao longo do rio.  Vozes se agitavam. O carro de boi avançava. Gritos. Lamentos. Um choro de criança cortou a imensidão... Nova vida. Outras histórias...
Enquanto isso o rio Marmeleiro continuou margeando as diversas terras enquanto outros rios e terras com ele se juntaram e passaram a contar suas lendas no Sudoeste do Paraná.

Participação no Concurso Francisco Beltrão de Literatura -2011.
 
         Um dia qualquer

E não era de fato dia qualquer
Mas um dia de poesia
pra cantar
 contra o vento
que descabelava.
o cabelo
da menina que corria no campo aberto em flores
sem lenço
nem fitas
nas longas tranças que se perderam no vento e
 gritava

Eu vou...
Ser feliz!
pois
Não tenho lenço,
Não tenho documento,
Não caminho contra o vento
Nem contra o Sol.
Sou filha do sonho
e da fantasia
Meus versos de poesia
São pra aqueles que sabem amar.
Quem foi adolescente aborrecente?

CRÕNICA


       Digam-me as pessoas mais ou menos na casa dos 40 a 50(ou mais ou menos), no seu tempo você foi um adolescente  aborrecente?
       Os cinquentões e cinquentonas certamente dirão, mas que adolescência, o que?!  Nessa tal idade já estávamos na labuta, não havia tempo para os tais momentos de “aborrecência”. O pai e a mãe davam logo um jeito arrumando uma forma de acalmar os hormônios e os chiliques. Havia água pra tirar do poço e encher o tanque pra mãe lavar roupas, ir cortar vassoura pra varrer o terreiro lá no “Campinho da Antena”; moer milho pra fazer quirela pros pintinhos e galinhas no pátio, arrancar e cortar mandioca pros porquinhos no chiqueiro. Pras meninas que terapia maravilhosa! Lavar louças e bombrilar as panelas que eram penduradas ora no paneleiro de parede, ora no paneleiro de escadinha decorado com toalhinhas de crochê e bordados”, amassar o pão, lustrar a casa...
      Quem diria! Tarefas domésticas era terapia em nosso adolescer. Ninguém nunca nos aconselhou no tempo da “curvatura da vara”, psicólogo, psiquiatra ou coisa que o valha para resolver “problemas” na adolescência. Afinal, tais profissionais moravam em nossa casa sem nada entender de Freud e seus adeptos.
      E os adolescentes, estigmatizados de “aborrecentes”, hoje, (eta palavrinha feia!),  quando insistiam em suas “crises”, havia um remédio mais drástico: buscar ele mesmo na casa da vizinha uma varinha de marmelo, cujos pais a preparavam frente aos possíveis infratores, lentamente..., passando-lhe óleo de cozinha e rapidamente no fogo, depois a penduravam numa das paredes da cozinha bem a vista de todos. Quebrou promessa, a varinha comia solta nas pernas.  E como doía!(assim diziam os peraltas). Eu nunca a experimentei, mas a consumi muitas vezes para longe das vistas de meus pais para que ela não entrasse em cena lá em casa nos meninos que teimavam em fugir e ir nadar no Rio Marmeleiro, algo sempre denunciado pelas comadres olhudas que viam tudo, inclusive, a garotada doidivanas nadando nus, para não molhar a roupa e se denunciar em casa.
     E todos entendiam  imediatamente a  mensagem. Na escola nunca um pai ou mãe afirmou: - “Não sei o que fazer com meus filhos”. “Chamem o Conselho Tutelar’ (naquele tempo, a Polícia). A varinha comia solta nas pernas dos pobres garotos de calças curtas e para completar, ir à missa confessar esses e outros pecadinhos; nada de vestir a roupa domingueira, nada de cinema. Havia castigo pior do ficar sem ir à matiné de domingo no Cine Norodi? Não assistir ao filme de Tarzan ou de farwest? Bater os pés no chão ao som do tropel de cavalos, gritos de índios e tiros dos bandidos e mocinhos?
       Nessa época ainda não se ouvia falar de violência nos filmes e direitos humanos. Os gritos do Tarzan voando de galho em galho, índio flechando e sendo morto pelos mocinhos que manejavam habilmente o revólver e carabinas, a chegada da cavalaria americana para salvar o FORT, era motivo de diversão e gritaria no cinema...   Subentenda-se que não tínhamos as tecnologias que as crianças e adolescentes têm atualmente. O cinema era a mais saudável diversão da criançada e adultos dos idos de não tão antigamente.
       Deixando de lado as reminiscências, apesar de tudo, pais não foram acusados de omissos. Pais e filhos tinham seus problemas resolvidos na família. Havia hora e tempo pra tudo. Regras e valores a serem cumpridos e respeitados. Isso era castigo? Maldade? Tudo depende dos conceitos de vida, da educação que recebemos e de nossa visão de mundo nessa análise.
        Em tal época, crianças e adolescentes tinham compromisso de estudar e estudar porque não havia nos programas de governo merenda, transporte, livros e outros benefícios que se recebe hoje na escola e famílias
. Tudo saía do bolso dos pais que exigiam aprovação na escola através de horários para estudar, cumprimento das tarefas de casa e frequência às aulas.
         Pobres, como muitos atualmente, batalhavam para dar “estudo” aos filhos porque acreditavam que este lhes daria uma vida melhor. Era o compromisso deles com  o futuro do filho.
         Se houve pais que não deixaram os filhos estudarem quando eu era adolescente, não me lembro. Lembro-me sim, das exigências da família quanto a isso. Também não me lembro de tantos filhos em idade “aborrecente”, sem perspectiva, jogando a vida fora e vivendo apenas o momento - conforme eles mesmos afirmam.
       Os tempos eram outros, é claro. Porém, será que algumas lições do passado não precisam ser retomadas? Que tipo de “varinha de marmelo” os pais poderiam usar hoje?
        Naturalmente, não sou favorável à violência física. Escrevi apenas  algumas reflexões sobre um passado distante onde os conceitos de educação familiar eram outros. Mas o que fazer agora para que os adolescentes não se tornem tão “aborrecentes” a ponto de serem execrados pela sociedade?
        Acredito ser uma tarefa árdua para pais e educadores num tempo em que os direitos se sobrepõem aos deveres.

                     
TECENDO SONHOS
Meu compromisso é com o amanhã
porque o amanhã é hoje.
O hoje me dá a esperança,
esperança de crescer,
de fazer acontecer...
Fazer acontecer é ter sonhos inventados,
ilusões exageradas,
paixões encantadas!
Sonhar...
  Lançar-se para o futuro,
fazer da palavra ação de amor!
Amor por você,
pela vida,
pela construção
pelo sonho
da transformação
pelo olhar...
da tessitura do educar
hoje e o amanhã na rede da imaginação
rede em que nos construímos
e somos construção,
dividimos intenções,
multiplicamos descobertas,
realizamos mobilizações.
Há de se dizer
que  a  vida
é uma eterna descoberta,
busca de significados
para sonhos que buscam o amanhecer
no ontem, no hoje, no amanhã,
basta  você querer...
E na teia não se prender!

Ocupando espaço
faço

 desfaço
Abraço
Desabraço

D
E
SÁGUO

NEGRITO                                                                                          Verdades

EM MIM

PONTO
E
FIM


terça-feira, 10 de julho de 2012

SER ENCANTADO


Beijo sua boca

Você me beija com beijos encantados da minha boca

Abraço-te num abraço

Seus braços me abraçam com braços encantados dos meus braços
Rolamos, dançamos a dança encantada da paixão
celebramos o amor
entre beijos e toques sem tabus ...
nos lençóis do nosso amor brilha a luz da lua cheia
que incendeia a paixão.
Brindamos a vida entre suaves odores e doces gemidos...
nos enamoramos
encantados na ilusão,
de que o mundo lá fora:

Parou.


Poema-Prosa

Meus sonhos,
meus moinhos de vento
Meus sonhos movem-se lentamente
meus moinhos de sonhos
Meus moinhos de farinha de beiju.
Meus sonhos!
Meus moinhos ainda vivem na lembrança
que carrego pesadamente nas costas:
as velhas sacas de farinha
pra moer os sonhos depositados no monjolo.
O tempo passou...
 - Não mais sou Dom Quixote.
 -Nem Dulcinéia.

Onde estão meus sonhos?
Morreram os moinhos d´água.
Morreram os soques de farinha.
Morreram os monjolos
e os beijus torradinhos com açúcar amarelo
das avós que adoçavam
os beijos de paixão no calor do forno
e no sapeco da erva-mate.
Morreu a tradição.
E agora nos restam os Moinhos de Vento -
- Eólicos a enfeitar os velhos campos
Luto mais contra os moinhos de vento
que me atormentam a razão.
Cadê meu Sancho Pança?

Tão bom era ser criança!
E ouvir as histórias dos velhos moinhos
Que socavam a farinha para o beiju
A farinha de beiju
E polvilhavam docemente os sonhos
De quem ainda tem história para poetisar.

Poema escrito a partir das histórias contadas por minha mãe.
Marmeleiro, 10.07.12
                  Canto o canto de outros cantos


Canto o canto da palavra
Choro o choro da poesia
Rio o riso da beleza
Pinto a cara da disfarçatez
Volto à volta de quem me ama
Entrego-me a verdade de suas pernas
Beijo os lábios da saudade
Olho os olhos negros do silêncio
Busco a verdade que não foi dita
Canto o canto da beleza
Acaricio o ventre que dá a vida
Beijo o seio que alimenta
Entrelaço as mãos que acariciam
Olho os olhos que desejo
Sinto o cheiro de quem ama
Quero o brilho da paixão
Agarro os cabelos da alegria
Vivo a sede dos embriagados
Canto o canto da descoberta
Quero o desejo da inocência
Sonho o sonho dos puritanos
Sofro a paixão dos inocentes
Penso na vida de quem não ama
Firo o sentimento dos desalmados
Desarmo a grandeza dos perdidos
Não me escandalizo com a sensualidade
pois, sou poeta
e
canto apenas canto,
o canto da Palavra
POESIA.

Marina

Texto publicado pelo Jornal de Beltrão, 17.06.12, domingo.