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quarta-feira, 16 de junho de 2010

Vamos fabular e confabular pessoal!

Deliciem-se com as fábulas abaixo e os vídeos. Depois pesquisem outras para colocar em prática a proposta de atividades dadas em sala de aula.

" As palavras são importantes, mas o que vale é o exemplo."
Esopo

Sobre La Fontaine
Jean de La Fontaine é francês, nascido em 8 de julho de 1621 e falecido em 13 de abril de 1695. É principalmente conhecido como autor de fábulas, escritas em versos leves e rimados. Além de criar algumas fábulas originais muito conhecidas, representativas do contexto da aristocracia francesa do século XVII, como por exemplo, “O lobo e o cordeiro” e “A cigarra e a formiga”, reescreveu algumas fábulas baseadas em Esopo. Esopo foi outro grande criador de fábulas, que viveu na Grécia como escravo no século V a.C. Embora tivesse uma aparência estranha - consta que era corcunda - possuía o dom da palavra e a habilidade de contar histórias, que retratavam o comportamento humano através de personagens animais. Algumas dessas fábulas de Esopo são conhecidas ainda hoje, como “A raposa e as uvas”, “O leão e o rato”, “A lebre e a tartaruga”, entre outras.

A CIGARRA E A FORMIGA
La Fontaine
Escrita no século XVII

A cigarra, sem pensar
em guardar,
a cantar passou o verão.
Eis que chega o inverno, e então,
sem provisão na despensa,
como saída, ela pensa
em recorrer a uma amiga:
sua vizinha, a formiga,
pedindo a ela, emprestado,
algum grão, qualquer bocado,
até o bom tempo voltar.
"Antes de agosto chegar,
pode estar certa a senhora:
pago com juros, sem mora."
Obsequiosa, certamente,
a formiga não seria.
"Que fizeste até outro dia?"
perguntou à imprevidente.
"Eu cantava, sim, Senhora,
noite e dia, sem tristeza."
"Tu cantavas? Que beleza!
Muito bem: pois dança agora..."
Do livro Fábulas de La Fontaine, 1992.

Reeleituras de José Paulo Paes e Monteiro LObato

SEM BARRA

Enquanto a formiga
Carrega comida
Para o formigueiro,
A cigarra canta,
Canta o dia inteiro.

A formiga é só trabalho.
A cigarra é só cantiga.

Mas sem a cantiga
da cigarra
que distrai da fadiga,
seria uma barra
o trabalho da formiga
(Paes, José Paulo).

A CIGARRA E A FORMIGA (A FORMIGA BOA)

Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé do formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu divertimento era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas.
Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas, Os animais todos, arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas.
A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém.
Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu – tique, tique, tique...
Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina.
- Que quer? – perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir.
- Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu...
A formiga olhou-a de alto a baixo.
- E que fez durante o bom tempo que não construí a sua casa?
A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois dum acesso de tosse.
V - Eu cantava, bem sabe...
- Ah!... exclamou a formiga recordando-se. Era você então que cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas?
- Isso mesmo, era eu...
Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo.
A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol.
Do livro Fábulas, Monteiro Lobato, 1994.

Monteiro Lobato
José Paulo Paes
Autores do século XX

E quem foi Esopo?

Um escravo que viveu no século VI a.C, foi o introdutor da fábula na Grécia, na tradição escrita. Muitas fábulas que foram atribuídas a Esopo já haviam sido divulgadas,no Egito, quase mil anos antes de sua época, e na Índia, onde houve inúmeros fabulistas. Algumas foram reproduzidas por autores modernos e pertencem ao fabulário hindu, como o Panchatantra, que atribuem ao sábio Bildpai, o Esopo do orientais.
O Panchatantra é a mais antiga coleção de fábulas indianas conhecida. Originalmente era uma coleção de fábulas com animais em verso e prosa em sânscrito (hindu) e em pali (budista). O texto original em sânscrito, atualmente perdido, que foi provavelmente composto no século III é atribuido a Vishnu Sarma. Entretanto, sendo baseado em tradições orais mais antigas, seus antecedentes entre contadores de histórias provavelmente são tão antigos quanto a origem da língua e dos primeiros agrupamentos sociais do subcontinente de caçadores e pescadores reunidos em torno de fogueiras. É certamente o produto literário da Índia mais traduzido e possui mais de 200 versões em mais de 50 línguas.

Características das fábulas esopianas:

- narrativas, geralmente, curtas, bem-humoradas e relacionadas ao cotidiano;
- encerram em si uma linguagem simples, pois dirigem-se ao povo;
- apresentam-se repetições vocabulares num texto em prosa;
- contêm simples conselhos sobre lealdade, generosidade e as virtudes do trabalho;
- a moral é representada por um pensamento, nem sempre relacionado diretamente à narrativa;
- personagens são, basicamente, animais que apresentam comportamento humano.

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