Crônica
Ao ler no Jornal
de Beltrão que Dr. Kit Abdala dera seu último voo para habitar nas estrelas,
surpreendi-me, apesar de não conhecê-lo pessoalmente, apenas pela leitura de
seus livros e reportagens publicadas sobre tão renomado profissional.
Já afirmei em
textos anteriores, que algumas pessoas não as conhecemos fisicamente, contudo,
acabamos fazendo até amizade com elas quando lemos o que escrevem, e essa
empatia ninguém tira do escritor e leitor. Pessoalmente, amo essa relação com
os escritores que mais admiro e que me transformaram numa escrevente e leitora.
Quanto mais leio seus escritos, mais me apaixono pela leitura e escrita.
E num certo dia descobri Dr. Kit, escritor, no
seu primeiro livro, no consultório do oftalmologista. Confesso que me atraiu
sua narrativa, entremeada de humor cativante sobre..., entretanto, o livro lá
ficou. Que vontade de levá-lo comigo! Lembrei-me
da Menina que Roubava Livros(Markus Zusak), mas não sendo a menina personagem, tal ação seria inconcebível de minha parte, deixei-o
pesarosa. Mais tarde o JdeB me enviou os exemplares. Li avidamente. Diverti-me
com as colocações. Refleti, sorri, relembrei parte da história do sudoeste que
conhecia, viajei com ele. Sugeri a leitura aos meus alunos.
Após homenagem
ao médico que escrevia quero me ater a outras pessoas de “a melhor idade”. Particularmente,
essa metáfora me parece pejorativa, pois não são todas as pessoas velhas,
idosas que fazem parte da “melhor idade”, e não é meu objetivo discutir a
situação dos idosos em nosso país neste momento. Meu objetivo são colocações sobre
o que a idade pode fazer por nós.
Percebi primeiramente nos meus 61 anos que
muitas pessoas têm medo ou vergonha de dizer a idade, ou a disfarçam de várias
formas. Não preciso dizer quais, pois o leitor sabe dos recursos utilizados
hoje.
Por outro
lado, os mortais do século XXI crescem impregnados de toda a corrupção dos
meios de comunicação para continuar jovens desde a mais tenra idade, não
importa o preço. E o medo de envelhecer é inerente nesta sociedade consumista e,
por conseguinte, as pessoas sentem medo e vergonha da velhice embora a mídia
pregue em altos brados que “a melhor idade” se diverte à beça e está super
feliz.
Os jovens da atual sociedade, no entanto,
desdenham os que ultrapassaram a barreira do tempo. Mas a minoria se prepara
para enfrentar o próprio envelhecimento. O que vale é “curtir” o momento, salvo
exceções.
Os
questionamentos sobre o que a idade pode fazer por nós, após essas constatações
têm a ver com a forma das pessoas verem a própria vida e o que podem melhorar porque a “curtição”
pode ser boa, porém através dela devem-se buscar formas de mudar o mundo
próximo a nós, porque a mediocridade, a descrença, a incompetência imperam
diariamente e temos de nos preparar para enfrentá-las em qualquer época de
nossas vidas. Há pouca poesia, amor, compreensão, entendimento e sabedoria
infelizmente neste mundo.
Enfim, os anos
que vivemos são apenas um tempo em nossas vidas. Para uns mais, outros menos. O
que importa é que ao partirmos para os Campos Elíseos, ela tenha feito a
diferença por aqui. Eu continuo uma menininha pronta para aprender.
Nenhum comentário:
Postar um comentário